
"Não nos enganemos: só nos é possível colocar as questões da arte porque, desde sempre, estamos submergidos na exclamação contínua que a arte, a cada momento, provoca em nós. Perguntar significa, aqui, já ter recebido sua força, já ter se esbarrado com ela, absorvido seu impacto, já ter - mesmo - perdido o chão, deixando as vertigens aparecerem e, estranhamente, elas mesmas construírem um caminho que possa ser percorrido com o rigor da dedicação diária de toda uma vida. Os caminhos que se apresentam neste livro são, assim, os da própria vertigem.

De uma coisa não temos dúvidas: pensar as questões da arte envolve colocar o próprio pensamento em questão, descobrindo-o decisivamente, em maior ou menor grau, também como artístico. Na abertura do século XXI, o pensamento teórico e artístico estabeleceram de tal maneira uma simpatia que não se pode mais pensá-los antiteticamente: a força de atração mútua é sentida por quem quer que se aproxime deles, praticamente anulando, ou, em outras palavras, minimizando-a ao máximo, a força solitária de repulsão.
Ao invés de realizar o anulamento de um dos pólos, tal simpatia provoca o desdobramento de diversidades criativas que, a partir dela, podem eclodir. Entre

A arte em questão: as questões da arte propõe, assim, um passeio reflexivo por diversos momentos filosóficos da história do Ocidente: do mito, passando por Platão e Aristóteles, seguin do o percurso comFichte e Nietzsche, até chegar ao século XX com Heidegger, Gadamer, Benjamim e Deleuze. Tal arco do pensamento, dos de maior excelência e importância possíveis, foi realizado, respectivamente, pelos seguintes professores e pesquisadores brasileiros: Werner Aguiar, Alberto Pucheu, Emmanuel Carneiro Leão, Ronaldes de Melo e Souza, Antonio Jardim, Manuel Antônio de Castro (organizador do livro), Luis Rohden, Ivo Lucchesi e Marcelo Jacques de Moraes."
Alberto Pucheu
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